Profetas da Chuva debatem sabedoria da natureza e fé para decifrar mudanças climáticas em Baixa Grande
Viração, distrito localizado a 18 km da sede de Baixa Grande, foi o cenário do I Encontro dos Profetas da Chuva, realizado no domingo, 27 de abril de 2025. O evento, idealizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Baixa Grande, contou com a participação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), polo Seabra, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e da Escola Família Agrícola Mãe Jovina, de Ruy Barbosa.
Reportagem em Vídeo
O encontro reuniu agricultores e agricultoras da região que partilharam conhecimentos acumulados por gerações sobre a leitura dos sinais da natureza para prever o tempo – prática fundamental para a convivência com o semiárido. A iniciativa surgiu após relatos de vários agricultores sobre a ausência de chuvas no período ideal para o plantio do feijão e do milho, culturas predominantes no inverno da região.
A agricultora Glória de Almeida destacou a importância do momento: “Encontros como esse servem tanto para partilhar quanto para adquirir novas experiências. Um dos sinais mais certos de chuva é quando o cupim sai da morada e faz carreiro nas folhas – é a chamada ‘chuva da terra’”, afirmou.
Os participantes foram divididos em três grupos para catalogar os diversos métodos tradicionais de previsão climática, baseados na observação da fauna, flora, ventos, nuvens e outros fenômenos naturais.
Para o educador social Cláudio Dourador, da CPT, é fundamental reconhecer o valor científico dos saberes populares. “Todo conhecimento tradicional é também ciência. A tecnologia é fruto do conhecimento humano, e não podemos utilizá-la desprezando os verdadeiros autores desses saberes.”
A professora Juliana Almeida, do curso de Jornalismo da UNEB (Seabra), levou oito estudantes para vivenciar o evento. Eles gravaram depoimentos em áudio para a produção de um podcast, que será lançado em breve para divulgar essas experiências ao público.
A Escola Família Agrícola Mãe Jovina também marcou presença com alunos do curso técnico agrícola, que avaliaram o encontro como uma rica contribuição para os conteúdos estudados em sala de aula.
Além disso, Deorgia e doutora da Valdineia Gusmão , ambas UEFS/PPGM, apresentaram dados recentes sobre chuvas e desmatamentos em Baixa Grande e municípios vizinhos, conectando o saber popular com dados científicos sobre as mudanças climáticas na região.
www.catureba.com.br
Por: Ediomário Catureba – DRT 8484-BA
