El Niño afeta condições climáticas no país e pode causar impactos na agricultura brasileira
A previsão indica diminuição das chuvas na parte norte do país e aumento significativo na região Sul
A previsão do clima no Brasil para os próximos dias indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa entre o Leste, Centro e faixa Norte do país. A maior probabilidade aparece em alguns pontos dos estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e Bahia, conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A meteorologista Andrea Ramos, do instituto, diz que o fenômeno climático El Niño atuará ao longo da semana, com previsão de se estender até janeiro de 2024. A especialista aponta que o calor em algumas regiões também está associado ao fenômeno climático e que isso pode ter impacto direto na agricultura.
“O El Niño tem dois sinais muito bem marcantes aqui, no Brasil. Diminui as chuvas na parte norte do país, que envolve a região Norte e uma parte da região Nordeste, e aumenta as chuvas na região Sul. As frentes frias que também atuam, comuns na Primavera, aumentam a intensidade e frequência desses eventos que proporcionam chuvas ali, na região Sul, enquanto que na parte Centro e Norte, está favorecendo calor, justamente pela influência dele e isso vai ter impacto direto na questão da agricultura”, explica.
Entre a Região Sul, grande parte de Mato Grosso do Sul, São Paulo e sul de Minas Gerais, a previsão indica maior probabilidade de chuva acima da faixa normal. Segundo Andrea Ramos, esta previsão reflete as características típicas de El Niño sobre o Brasil. “Na faixa central do país, o período é de transição e não se descartam episódios de chuva expressiva em algumas localidades. A previsão de temperatura indica maior probabilidade de valores acima da faixa normal na maior parte do país”, observa.
Pela sensibilidade da agricultura às variações climáticas, a meteorologista diz que é essencial compreender como o El Niño pode alterar as condições climáticas e, consequentemente, impactar na produção agrícola brasileira.
“Normalmente, em anos de El Niño, é comum observar o aumento da disponibilidade hídrica no Centro-Sul do Brasil, o que tende a beneficiar algumas culturas. No entanto, o excesso de chuva na região Sul pode aumentar a umidade e a severidade de doenças em plantas, exigindo maior vigilância e cuidados no monitoramento e manejo das culturas”, destaca.
Para as demais regiões do país a previsão é de condições mais secas do que o normal ao longo dos próximos dias, com destaque para a região amazônica, principalmente no centro-leste da região, onde a influência do fenômeno El Niño é maior.
Em comunicado publicado no último dia 17 de outubro, o Inmet aponta para possíveis “perdas significativas de produtividade” em áreas do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por conta de redução dos níveis de água no solo. “No Brasil Central, a irregularidade da chuva também pode dificultar o manejo agrícola e afetar a produtividade”, segue a publicação.
Temperatura
Durante a semana, as temperaturas máximas ainda continuarão altas em grande parte do país, com valores maiores que 30°C e que poderão ultrapassar 40°C, especialmente em áreas do Centro-Oeste e sul da região Norte. Já na região Sul, se aproxima uma alta, prós-frontal de um anticiclone, que vai favorecer a queda de temperaturas. “Vai ter um declínio de temperaturas acentuado, principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, mas na parte sul, que envolve o sul do Paraná, já é a entrada da massa de ar fria em função do anticiclone pós-frontal, revela Andrea Ramos.
Possibilidade de chuva
A Região Norte tem previsão de chuva que pode ultrapassar 50 mm, especialmente no noroeste do Amazonas e no Acre. Já no Amapá e nordeste do Pará, haverá predomínio de tempo seco e sem chuva.
Na Região Nordeste, são previstos baixos acumulados de chuva, menores que 50 mm. No entanto, em áreas do centro-sul da Bahia, os volumes poderão ultrapassar 50 mm, enquanto no extremo norte, haverá predomínio de tempo seco e sem chuva durante toda a semana.
Em grande parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste, há previsão de baixos acumulados, que não devem ultrapassar 50 mm. Entretanto, em áreas do leste da Região Sudeste, os volumes de chuva poderão ser maiores que 70 mm, especialmente em São Paulo e Minas Gerais.
Para a Região Sul, é esperado um volume de chuva maior que 80 mm, especialmente no norte do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e sul do Paraná. Nas demais áreas, os volumes podem ser menores que 50 mm.
Fonte: Brasil 61