Lula perde popularidade digital após ilação sobre Moro; Bolsonaro ganha fôlego

Lula perde popularidade digital após ilação sobre Moro; Bolsonaro ganha fôlego

A popularidade digital do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) despencou após sua declaração considerada desastrosa sobre o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR). Já a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aumentou com sua volta ao Brasil, no dia 30, mas segue atrás da do petista.

Os dados são do IPD (Índice de Popularidade Digital), calculado diariamente pela empresa de pesquisa e consultoria Quaest.

A movimentação do indicador mostra um cenário ainda não consolidado. Por um lado, logo após a fala sobre Moro, Lula recuperou parte de sua popularidade na internet em meio à comemoração do marco de cem dias do governo.

Por outro, Bolsonaro teve uma oscilação para baixo dias após o retorno, o que mostra sua dificuldade em se manter em evidência na oposição.

Atualmente, os dois têm uma diferença de 17 pontos no IPD, que vai de 0 a 100.

Essa distância chegou ao maior nível no ano (62 pontos) em 9 de janeiro, um dia após o ataque à democracia com depredações nos três Poderes, em Brasília. E alcançou o menor nível (nove pontos) em 3 de abril, quando Bolsonaro ainda colhia os frutos de seu retorno após três meses nos Estados Unidos.

Atualmente, o petista marca 57 pontos no IPD, e o ex-presidente, 40.

O índice é calculado por meio de um algoritmo de inteligência artificial que coleta e processa 152 variáveis das plataformas Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipédia e Google.

São consideradas na nota final cinco dimensões: fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamentos), valência (proporção de reações positivas e negativas) e interesse (volume de buscas).

O peso que cada dimensão tem na conta é determinado por um modelo assimilado pela máquina a partir dos resultados reais de eleições anteriores, com milhares de candidaturas monitoradas pela empresa.

O auge do petista no IPD desde o início do ano foi justamente em 9 de janeiro, após os ataques golpistas em Brasília, quando chegou a 83 pontos.

A pontuação chegou ao nível mais baixo (44) no dia 22 de março, dia em que a Polícia Federal fez ação para desarticular um plano da facção criminosa PCC para realizar ataques contra autoridades, entre elas Moro.

No mesmo dia, Lula afirmou achar ser “uma armação” de Moro o plano do PCC para atacar o ex-juiz da Operação Lava Jato. Plano esse descrito por seu próprio ministro da Justiça, Flávio Dino, e alvo de uma operação da Polícia Federal com ao menos nove suspeitos presos.

No dia anterior, a popularidade digital de Lula já havia despencado com a entrevista na qual disse que, quando esteve preso em Curitiba, costumava falar para procuradores que iria “foder esse Moro”.

Parlamentares da oposição tentaram associar o plano do PCC à fala do petista, apesar de não haver nenhuma evidência que relacione os casos.

Integrantes do governo e aliados no Congresso rebateram a ligação e afirmaram que a operação da PF era uma demonstração de que a instituição agora era republicana e não estava mais aparelhada.

Em meio às divulgações sobre os cem dias do governo, o petista recuperou sua popularidade digital.

Em um movimento contrário ao de Lula, Bolsonaro havia despencado no IPD após o ato golpista de seus apoiadores em Brasília e recuperou o patamar do início do ano com a volta ao país.

Mas resta saber se ele conseguirá manter o ritmo. Os primeiros indícios apontam que não. O presidente já perdeu cinco pontos no IPD dias após o auge do retorno.

“A questão para o Bolsonaro é: ele quer ser o líder da oposição? Se quiser, ele vai ter que pautar o debate”, diz Guilherme Russo, diretor de Pesquisa da Quaest.

Por outro lado, ele lembra que o ex-presidente enfrenta uma série de investigações no Brasil, o que pode ser um obstáculo para que apareça muito.

Só no STF (Supremo Tribunal Federal), seis inquéritos apuram condutas de Bolsonaro que podem configurar crimes. Além disso, há outras 16 ações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que podem torná-lo inelegível.

Há também mais de uma dezena de pedidos de investigação contra Bolsonaro que foram mandados por ministros do Supremo para a primeira instância da Justiça, devido à perda do foro especial com a saída dele da Presidência.

No caso de Lula, Russo avalia que também não será tão simples manter a popularidade digital, uma vez que, passados os três primeiros meses de governo, a população tende a cobrar mais a gestão, que ficará mais suscetível aos resultados da economia.

Após uma eleição apertada, em que venceu o rival por apenas 1,8 ponto percentual, não será tão simples para o petista.

No início do mês, pesquisa Datafolha mostrou que Lula chegou aos primeiros três meses de mandato com 38% de aprovação e 29% de reprovação.

O resultado mostra a desaprovação ao presidente igual à registrada por Bolsonaro no mesmo momento de seu governo, em 2019, repetindo o que foi o pior desempenho desde a redemocratização de 1985 entre presidentes em primeiro mandato.

Os 29% de ruim/péssimo do petista também se igualam ao pior momento de todos os seus oito primeiros anos no governo, em dezembro de 2005, ainda sob o fogo da revelação do mensalão.

Fonte: https://politicalivre.com.br

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